quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Educação Infantil> Pré-escola - 4 e 5 anos Textos e números na Educação Infantil


Textos e números na Educação Infantil

Pesquisas apontam que as crianças, a partir dos 3 anos, são capazes de pensar em números e textos. É possível propor atividades com esses temas sem deixar as brincadeiras de lado

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Textos: escrever, comparar e refletir
Inserir práticas de escrita na rotina leva a criançada a pensar sobre o sistema em situações reais de comunicação

Hoje já se sabe que os pequenos reconhecem rapidamente duas das características básicas de qualquer sistema de escrita: que as formas são arbitrárias (porque as letras não reproduzem o contorno dos objetos) e que estão ordenadas de modo linear. Essas marcas aparecem muito cedo em suas produções. "Mesmo que não usem o modo convencional, eles já sabem escrever e o fazem com intenção comunicativa, de acordo com as hipóteses que sustentam no momento", diz Claudia Molinari. Por isso, é importante expor os textos escritos pela criançada - devidamente acompanhados da transcrição do que pretendiam dizer. Muitas vezes, nessa fase, os professores se limitam a atuar como escribas, redigindo os textos pela turma.

"Por que não dar às crianças a oportunidade de tomar o lápis e escrever de forma independente durante uma das etapas de um projeto didático?", questiona a pesquisadora. Essa é a oportunidade de elas refletirem sobre aspectos do sistema alfabético. Na transição da hipótese silábica para a silábica alfabética (quando começam a abandonar a escrita feita quase predominantemente com vogais e passam a acrescentar consoantes), ocorre um impasse: quantas e quais letras usar e em que ordem colocá-las? É o que se chama de alternância grafofônica. Nesse ponto, é comum, de acordo com Claudia, que registrem o mesmo termo de diferentes maneiras.

Os pequenos também relacionam fala e escrita, o que causa outro conflito: como separar no papel o que aparece como um todo contínuo na oralidade? A hipossegmentação (quando não há separação das palavras onde deveria haver) e a hipersegmentação (quando isso ocorre em excesso) são frequentes nesse estágio.

Esses aspectos podem ser discutidos por meio da comparação de versões de um mesmo texto ou de uma mesma palavra. É o que Claudia define como escritas sucessivas (leia mais na última página). "Elas funcionam como um registro do percurso de cada criança e podem ser usadas como uma fonte de informação em futuras intervenções", diz ela. Para a turma, o contraste de versões permite confrontar hipóteses e, assim, continuar aprendendo. Todos discutem as produções, leem e releem o que redigiram e buscam informações em livros e outros materiais disponíveis na sala.

Em classes a partir dos 3 anos, é possível iniciar a comparação e a discussão entre as escritas do grupo. O recomendado é circular pela sala e fazer intervenções pontuais na produção de cada criança para propor problemas, solicitar que todos interpretem o que escreveram ou que revisem letras do meio ou do fim de determinada palavra.

Confira, a seguir, como se dá esse trabalho, acompanhando atividades de produção de legendas, resenhas e regras para jogos de percurso realizadas no Colégio Miró, em Salvador.

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